domingo, 26 de junho de 2011

Jogos de computador: Uma aprendizagem prazerosa

A utilização de um jogo educativo no computador deve ser vista como uma ferramenta que auxilia a aprendizagem, vinculada ao trabalho realizado em sala de aula.  Para tanto é necessário constar no planejamento pedagógico  não somente  quais objetivos como também quais softwares a serem utilizados.

Saliento alguns requisitos que poderiam orientar a ação pedagógica na  escolha dos jogos de computador. Os mesmos precisam:
  • Ter objetivos definidos;
  • Fazer uma relação com o conteúdo de sala de aula;
  • Ter um vocabulário adequado a série/idade que o jogará;
  • Apresentar um feedback (resposta de acerto ou erro);
  • Ter uma interface amigável;
  • Permitir tempo suficiente de exibição das telas;
  • Promover a possibilidade de trabalho interativo (autonomia do aluno)
O professor tem um papel importante neste processo intervindo quando necessário. O trabalho nos laboratórios de informática torna-se além de divertido (quem não gosta de jogar?!), uma construção de novas aprendizagens.
Leony Cananéa

domingo, 12 de junho de 2011

SER OU NÃO SER/ EDUCAÇÃO...

Gostei muito dos vídeos da "série" Ser ou Não Ser/ Educação, mas gostei principalmente do terceiro vídeo que retrata a UTI da educação em MG...
Repensar a educação, o ensino, as fórmulas prontas e nem sempre coerentes com a realidade dos educandos deveria ser uma prática constante em nosso país. Entender que com uma campainha nem sempre se vira à página, ou melhor, nem sempre se consegue abrir e fechar arquivos na mente desta forma brusca, é uma forma muito importante de se pensar a educação.
A escola não deve ser um local onde se coloca as crianças para guardá-las ou protegê-las, deve ser sim um lugar para despertar o interesse em variados conteúdos, aprender sobre muitas coisas, formar cidadãos conscientes. Mas a escola, - esta instituição que já foi muito respeitada mas que hoje já não representa a importância que deveria- não é a detentora única de todo conhecimento, não consegue e nem deveria ser o único local de aprendizagens. Ver que as crianças precisam de apoio e que há sempre uma forma de ajudar, de compartilhar experiências, de fazer adiferença e que há muita gente fazendo o possível para dar esse apoio é maravilhoso.
Adorei esse vídeo sobre a biblioteca itinerante, sobre pessoas que se importam com as crianças, com a educação, com a sua comunidade. É um video realmente sobre SER: ser capaz!

sábado, 4 de junho de 2011

Comentários...

A educação no Brasil vem ao longo dos anos sofrendo modificações significativas. Tal fato faz com que algumas pessoas tenham interesse pelo desenvolvimento educacional promovendo assim atividades que se identifiquem com uma comunidade e começam a desenvolver um trabalho diferenciado a partir do interesse destes.
Os vídeos mostram justamente isso atividades desenvolvidas em comunidades que vem a promover o interesse pela aprendizagem em um determinado espaço de tempo.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Tecnologia na Escola

Tecnologia na escola

A tecnologia na escola é algo de inerente ocorrência e necessidade atualmente. Alguns dos artigos publicados na obra Integração das Tecnologias na Educação, também foram publicados no material utilizado no curso de TIC(Tecnologia de Informação e Comunicação na Escola). Com base nas leituras feitas pode-se comprovar que não há como fugir ou negar aos alunos das escolas o acesso e o uso de tecnologias como a Internet, por exemplo. No ambiente on-line, os sites hipertextuais supõem a conexão com inúmeras informações e gêneros textuais, imagens, animações entre outros recursos que facilitam o acesso aos diversos meios de conhecimentos. No primeiro texto do segundo capítulo é mencionado o que proporcionam os hipertextos como a intertextualidade, a intratextualidade, a multivocalidade ( multiplicidade de pontos de vista), navegabilidade, mixagem e multimídia, que segundo Santos, possibilitam uma variedade de informações ao usuário da Internet.
Isso claro, quanto ao aspecto mais relevante com o uso de mídias que é a Interatividade entre alunos, professores e demais pessoas envolvidas. O educador em conjunto com o educando passa a formular problemas, estimula questionamentos, orienta os grupos de trabalho dos alunos, organiza as experiências, trocas de informações, relatos e valoriza a memória de uma prática educacional mais dinâmica e significativa no processo de ensino-aprendizagem do educando, além de ensiná-lo a relacionar-se em equipe, criando solidariedade e dialogismo entre os grupos.
O autor do artigo “Internet na escola e inclusão” (SILVA), menciona a expressão interface para ressaltar a nomenclatura de uso na informática e cibercultura, ou seja, fazer “interface” na aprendizagem significa promover “o encontro de duas ou mais faces em atitude comunicacional, dialógica ou polifônica”(JOHNSON, 2001). Pode-se dizer que no ambiente on-line, isso é o espaço disponível para que haja uma troca de informações efetivas. As interfaces on-line mais utilizadas e conhecidas são o Chat, Fórum, Lista, Blog, site e LMS (Learning Management System) ou AVA ( Ambiente Virtual de Aprendizagem). Muitos dos quais os educadores fazem uso como suporte educacional, propiciando diálogo dinâmico e de rápido acesso a qualquer momento potencializando interação do grupo escolar.
O uso de ambiente on-line combinado a Projetos Escolares é um meio pedagógico que bem organizado/elaborado causa efeito educacional privilegiado e eficiente em relação ao método de transmissão utilizado nas escolas. Deve-se ver o educador atual não como um meio de transmitir conhecimento de mundo de nossos alunos. Paulo Freire menciona que o professor deve partir do que conhece/sabe o aluno para depois auxiliá-lo a desenvolver seu saber de maneira eficaz e autônoma, os seres humanos apreendem através de processos colaborativos e de trocas de conhecimentos. No entanto, como menciona Almeida, o uso de tecnologia de informação e comunicação na escola hoje, em contraponto do número de analfabetos é uma contradição na sociedade. Assim, há que se ter consciência de que os jovens e crianças da atualidade que tem acesso às várias tecnologias estão muito além de boa parte dos adultos economicamente ativos e alfabetizados, inclusive dos educadores. Por isso, não se pode mascarar a realidade querendo que os alunos continuem a “absorver” conhecimento na escola através da figura do educador apenas. O sistema educacional precisa se atualizar imediatamente, assim como as pessoas que fazem parte dele. Mas isso só ocorrerá se os próprios envolvidos nesse processo mostrarem-se propícios a essa mudança e, se os órgãos educacionais responsáveis facilitarem o acesso a essa tecnologia. Faltam alguns órgãos governamentais de caráter municipal e estadual integrarem-se aos projetos para que essa melhora no sistema educacional realmente aconteça. Além disso, também é necessário a mudança na mentalidade social em relação a visão do professor de transmissor para colaborador-mediador-facilitador no processo de aprendizagem. O aluno é o responsável pela sua aprendizagem, enquanto o desenvolvimento e participação emancipatória do educando, essa responsável e articuladora da aprendizagem do educando.
Nesse processo de mudança é de suma importância que a aprendizagem seja colaborativa e com tecnologia interativa, isso, segundo Behrens, proporciona uma “produção individual e coletiva do conhecimento.” A autora também ressalta a necessidade de metodologias contextualizadas que procurem abordar “situações-problema”, que levem a essas “produções e a discussões críticas e reflexivas”, visando a aprendizagem colaborativa. Para tanto, é de suma importância que os educadores tenham embasamento teórico sobre as abordagens pedagógicas, aprofundando-se sobre as referências teóricas e práticas existentes. Essa teoria auxiliará o educador para que se sinta seguro diante das inovações tecnológicas e reais benefícios que acarretam na aprendizagem baseada nas competências e habilidades que o docente deseja desenvolver em seus alunos.
No entanto, não se pode esquecer que somando-se a essas mudanças tecnológicas na educação temos a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional ( LDBEN), número 9394/96, que prevê a inclusão e ampliação do atendimento educacional, em rede pública, aos educandos com necessidades especiais nos níveis de educação infantil e superior. O quê na prática nem sempre é eficiente, uma vez que existem muitas dificuldades impedindo que a inclusão aconteça tanto no ambiente escolar como no meio social, tais como: a falta de formação e preparo de professores; a falta de acessibilidade física em vários ambientes públicos; a necessidade de reestruturação e mudança nas práticas pedagógicas; a predisposição do corpo docente em atuar com e para esses alunos, explorando suas potencialidades; a preparação da sociedade e dos alunos em sala de aula para receber um aluno portador de necessidades especiais; e, principalmente, a falta de cumprimento efetivo da Lei que também prevê assistência diferenciada (psicopedagoga, psicólogo, fonoaudiólogo, médico neurologista, etc.) para que ocorra aprendizagem, porém que não é oferecida em muitas escolas públicas estaduais e municipais.
Claro que, esses problemas dificultam a verdadeira ocorrência da inclusão social, porém não se pode esperar que a educação melhore sozinha. Os educadores embasados teoricamente e com boa vontade de realizar seu trabalho com significação e aprendizagem buscará caminhos que o ajudem a melhorar suas práticas pedagógicas. Uma dessas possibilidades seria a realização de Projetos Educacionais direcionados as necessidades do ambiente de aprendizagem a que professores e alunos estão inseridos, causando efetiva aprendizagem, por fazer a construção do conhecimento desde a criação da proposta de Projeto até a verificação final sobre os relatos/experiências vividas pelos participantes, os resultados obtidos e a própria avaliação do processo de ensino-aprendizagem significativa entre professor/aluno.
Finaliza-se essa reflexão sobre o uso de Tecnologia na escola, reafirmando a necessidade de mudanças no meio social, educacional e político, uma vez que todos os setores têm compromisso com a construção e melhora de saberes dos alunos para que haja realmente a inclusão tecnológica, educacional e social de todos os educandos portadores de necessidades especiais ou não. Além de fazer a inclusão também do educador, já que este precisa estar apto para interagir com novas metodologias que possibilitem a contextualização, construção e significação dos saberes compartilhados pelos educandos. Há que se ter consciência dessas mudanças e procurar meios para que elas ocorram de fato nas instituições educacionais.

O uso de tecnologias na educação

Desde que acordamos passamos o dia utilizando-nos de ferramentas tecnológicas, sem nos dar conta de que as estamos utilizando. O celular e o computador já fazem parte de nossa vida e é como se não pudéssemos viver sem eles. Mal nos lembramos dos tempos que utilizávamos um aparelho telefônico discado (isto para quem tem mais de 20 anos). O nosso meio de estarmos em contato com o mundo mudou e na nossa sala de aula, mudou a forma de nos comunicarmos com nossos alunos? Estaremos ainda utilizando-nos das mesmas ferramentas que utilizávamos a mais de 30 anos? Percebemos que nossas crianças nasceram em um tempo onde se tem acesso a informação quase, senão ao mesmo tempo em que os fatos ocorrem?

 Se não mudarmos a nossa forma de conceber a educação percebendo que antigos paradigmas devem mudar, não conseguiremos sequer nos comunicar com nossos alunos e a aprendizagem, foco principal da escola, não acontecerá da forma como a almejamos. Então, teremos professores cansados e frustrados de um lado e por outro, alunos desestimulados e incompreendidos freqüentando a escola apenas por obrigação.

Penso que antes de planejarmos é preciso que aprendamos a ouvir e a entender as falas de nossos alunos. Qual o assunto, ou o que eles gostariam de aprender?
Depois de escutá-los e instigá-los a querer procurar por respostas, planejamos (junto com eles) as atividades que nos levariam a responder as perguntas formuladas, utilizando-se de todas as mídias disponíveis na escola. E não precisaria ser somente sobre um único assunto, a turma poderia se juntar por grupos de interesse.
Não é uma tarefa muito fácil, mas vale a pena tentar!

A socieda mudou e estas mudanças parecem não terem sido percebidas pelas instituições educacionais. Não temos mais estudantes nem mais a mesma sociedade como no tempo em que fomos educados. O mundo ficou muito mais ágil e parece que nas salas de aula, falam-se duas linguagens diferentes. A do professor tentando “transmitir” um conhecimento baseado em um conteúdo que parece somente ter importância para ele, e do outro lado (mais precisamente na frente), uma turma de crianças ansiando por aprendizagens que estejam em sintonia com as suas vivências.
Leony Cananéa

Livro: Por uma vida melhor

Artigo de Marcos Bagno: Sobre a polêmica do livro Por Uma Vida Melhor

Polêmica ou ignorância?


Na semana passada, o site IG noticiou que o Ministério da Educação comprou e distribuiu, para 4.236 mil escolas públicas, um livro que “ensina o aluno a falar errado”. Os jornalistas Jorge Felix e Tales Faria -  do Blog Poder On Line, hospedado no portal – se basearam em exemplos de um capítulo do livro Por Uma Vida Melhor para afirmar que, segundo os autores da coleção organizada pela ONG Ação Educativa, não há nenhum problema em se falar “nós pega o peixe” ou “os menino pega o peixe”. Calçaram sua tese no seguinte trecho de um capítulo que diferencia o uso da língua culta e da falada:”Você pode estar se perguntando: “Mas eu posso falar os livro?”. Claro que pode. Mas fique atento porque, dependendo da situação, você corre o risco de ser vítima de preconceito linguístico”. O fato de haver outros capítulos, no mesmo livro, que propõem a leitura e discussão de obras de autores como Cervantes, Machado de Assis e Clarice Lispector e ensina modos de leitura, produção e revisão de textos não foi citado. Mas a discussão sobre como registrar as diferenças entre o discurso oral e o escrito esquentou, principalmente após o colunista da Folha de S. Paulo Clóvis Rossi vociferar, no último domingo, que tal livro é “criminoso”.

Veja abaixo a opinião do linguista Marcos Bagno, pesquisador dos temas relacionados às variações linguísticas e professor da Universidade de Brasília:

Para surpresa de ninguém, a coisa se repetiu. A grande imprensa brasileira mais uma vez exibiu sua ampla e larga ignorância a respeito do que se faz hoje no mundo acadêmico e no universo da educação no campo do ensino de língua.
Jornalistas desinformados abrem um livro didático, leem metade de meia página e saem falando coisas que depõem sempre muito mais contra eles mesmos do que eles mesmos pensam (se é que pensam nisso, prepotentemente convencidos que são, quase todos, de que detêm o absoluto poder da informação).

Polêmica? Por que polêmica, meus senhores e minhas senhoras? Já faz mais de quinze anos que os livros didáticos de língua portuguesa disponíveis no mercado e avaliados e aprovados pelo Ministério da Educação abordam o tema da variação linguística e do seu tratamento em sala de aula. Não é coisa de petista, fiquem tranquilas senhoras comentaristas políticas da televisão brasileira e seus colegas explanadores do óbvio.

Já no governo FHC, sob a gestão do ministro Paulo Renato, os livros didáticos de português avaliados pelo MEC começavam a abordar os fenômenos da variação linguística, o caráter inevitavelmente heterogêneo de qualquer língua viva falada no mundo, a mudança irreprimível que transformou, tem transformado, transforma e transformará qualquer idioma usado por uma comunidade humana. Somente com uma abordagem assim as alunas e os alunos provenientes das chamadas “classes populares” poderão se reconhecer no material didático e não se sentir alvo de zombaria e preconceito. E, é claro, com a chegada ao magistério de docentes provenientes cada vez mais dessas mesmas “classes populares”, esses mesmos profissionais entenderão que seu modo de falar, e o de seus aprendizes, não é feio, nem errado, nem tosco, é apenas uma língua diferente daquela — devidamente fossilizada e conservada em formol — que a tradição normativa tenta preservar a ferro e fogo, principalmente nos últimos tempos, com a chegada aos novos meios de comunicação de pseudoespecialistas que, amparados em tecnologias inovadoras, tentam vender um peixe gramatiqueiro para lá de podre.

Enquanto não se reconhecer a especificidade do português brasileiro dentro do conjunto de línguas derivadas do português quinhentista transplantadas para as colônias, enquanto não se reconhecer que o português brasileiro é uma língua em si, com gramática própria, diferente da do português europeu, teremos de conviver com essas situações no mínimo patéticas.
[...]
 Defender o respeito à variedade linguística dos estudantes não significa que não cabe à escola introduzi-los ao mundo da cultura letrada e aos discursos que ela aciona. Cabe à escola ensinar aos alunos o que eles não sabem! Parece óbvio, mas é preciso repetir isso a todo momento.

Não é preciso ensinar nenhum brasileiro a dizer “isso é para mim tomar?”, porque essa regra gramatical (sim, caros leigos, é uma regra gramatical) já faz parte da língua materna de 99% dos nossos compatriotas. O que é preciso ensinar é a forma “isso é para eu tomar?”, porque ela não faz parte da gramática da maioria dos falantes de português brasileiro, mas por ainda servir de arame farpado entre os que falam “certo” e os que falam “errado”, é dever da escola apresentar essa outra regra aos alunos, de modo que eles — se julgarem pertinente, adequado e necessário — possam vir a usá-la
TAMBÉM. O problema da ideologia purista é esse também. Seus defensores não conseguem admitir que tanto faz dizer assisti o filme quanto assisti ao filme, que a palavra óculos pode ser usada tanto no singular (o óculos, como dizem 101% dos brasileiros) quanto no plural (os óculos, como dizem dois ou três gatos pingados).

O mais divertido (para mim, pelo menos, talvez por um pouco de masoquismo) é ver os mesmos defensores da suposta “língua certa”, no exato momento em que a defendem, empregar regras linguísticas que a tradição normativa que eles acham que defendem rejeitaria imediatamente. Pois ontem, vendo o Jornal das Dez, da GloboNews, ouvi da boca do sr. Carlos Monforte essa deliciosa pergunta: “Como é que fica então as concordâncias?”. Ora, sr. Monforte, eu lhe devolvo a pergunta: “E as concordâncias, como é que ficam então?”

terça-feira, 31 de maio de 2011

Indicadores de Uso de Tecnologias: Práticas Avaliativas na Escola

O artigo Indicadores de Uso Educativo de Tecnologias: Práticas Avaliativas na Escola, de Marcia Padilha, presente no livro Tecnologias Digitais na Educação (múltiplos autores), propõe uma reflexão sobre a presença de TIC (Tecnologias da Informação e da Comunicação) na escola e o uso de indicadores avaliativos.

Ultimamente os indicadores, segundo a autora, tornaram-se conhecidos dos brasileiros em geral (IDH, IDEB e PISA, por exemplo), independentemente da nossa capacidade de problematizá-los, entender como são construídos e medidos e criticá-los ou aceitá-los. Isso é decorrência da necessidade de prestação de contas por parte dos governantes face ao número crescente de investimentos. No tocante à presença de TIC na escola, os indicadores podem nos trazer diversas contribuições, dependendo do enfoque que é dado à temática. Alguns indicadores podem, por exemplo, dialogar com a necessidade de formação de docentes e alunos com as competências necessárias para ensinar e aprender no século XXI e para o aprendizado ao longo da vida; outros podem dizer respeito a habilidades de manejo de máquinas e softwares.

Contudo, os indicadores são necessários para a avaliação dessa presença, a fim de irmos além de opiniões superficiais como “a favor” ou “contra”. Segundo a autora, para uma boa avaliação, os indicadores devem estabelecer, antes de tudo, um panorama amplo dos fatores que incidem em um determinado contexto, desenhando-se uma matriz avaliativa com os diversos elementos que interagem em uma política ou em um projeto de TIC na escola. Desta forma, pode-se elaborar políticas específicas para a área e permite-se que as políticas desenhadas gerem os impactos pretendidos. Podemos passar de impressões a dados mais objetivos sobre os indicadores.

Interdisciplinaridade

Ser ou não ser - vídeo 1, por Viviane Mosé



Olá pessoal!!!



Há muito estudo e percebo o quanto é necessário mudanças no currículo escolar. Nossas escolas estão baseadas na lógica do ensino por disciplinas, e não nas aprendizagens contextualizadas.

Como questionado no vídeo:




Que tipo de pessoa a escola busca formar?



Respondo com outra pergunta:




Cidadãos contextualizados ou mão-de-obra para o mercado de trabalho?



Concordo com as palavras de Morin, mostradas no vídeo:




A escola ensina conteúdos fragmentados que se empilham sem sentido.




Por acreditar que a construção do conhecimento se efetiva a partir do conjunto de relações estabelecidas entre aquilo que é proposto como novo e com o que é tido como experiência, penso que os processos de aprendizagens podem ser favorecidos se houver vínculos com o já vivenciado. Aprender deve estar relacionado com as práticas prazerosas de ensino-aprendizagens que possibilitam ao aluno viver seu próprio processo de construção de conhecimento.


E neste âmbito, os projetos de aprendizagens interligados com as tecnologias digitais propiciam um excelente recurso para a construção das aprendizagens de maneira efetiva e contextualizada, pois estar conectado ao mundo é estar contextualizado, é permitir-se aprender a buscar informações em qualquer lugar, e não somente em livros didáticos, divididos em disciplinas.


Ao ressaltar os conteúdos propostos pelo currículo escolar, preocupa-me a posição de certos professores que continuam a exercer sua rotina de ensino baseados na contemplação destes. A estrutura organizacional escolar separa as disciplinas escolares em períodos com horários rígidos a serem cumpridos, como se não houvesse a possibilidade de trabalhar os conteúdos de maneira integrada. Por pensar que os conhecimentos não são "fragmentos do saber" adquiridos, proponho a reflexão do ensino baseada em uma integração curricular que possibilite contemplar diferentes áreas do saber, fazendo uso de temas transversais, por exemplo, por meio do qual possamos construir um currículo através da coletividade de temas que possam representar as questões e problemas da nossa atualidade.


Como propõe Hernández (1998):




A escola deve deixar de ser formada por compartimentos fechados, faixas horárias fragmentadas, arquipélagos de docentes e passe a converter-se em uma comunidade de aprendizagem, onde a paixão pelo conhecimento seja a divisa e a educação de melhores cidadãos o horizonte ao qual se dirigir.




Estamos nós, educadores, preparados para esta nova escola?




E o mundo virtual propiciará melhores meios para as aprendizagens destes alunos?





Carina Pfaffenseller


Ser ou não ser / Educação

No vídeo: ser ou não ser / Educação há uma pergunta logo na primeira parte que diz:



"Que tipo de pessoa queremos formar na escola?"


Essa questão nos implica necessariamente a uma reflexão a respeito do nosso papel como educadores na escola. É sempre muito fácil apontar aos outros telhados dizendo que professor X é arcaico, que o colega da turma D não sabe utilizar os recursos tecnológicos. Mas e nós? Como é que eu, enquanto educadora, estou respondendo a esta pergunta?


Eu tenho certeza que quero formar cidadãos conscientes, livres para fazer escolhas, decididos pelos valores humanos, orientados quanto a práticas ambientais, relacionando-se com afeto e construindo relações sobre rochas. Este é o meu objetivo. Mas como desenvolvo isso? Repetindo conteúdos, cumprindo um cronograma do que deve ser desenvolvido até o dia determinado?


Não, certamente assim não ajudo meus alunos a percorrerem este caminho de formação humana. Talvez meus alunos aprendam isso através de outras coisas que vão muito além do que é obrigatório desenvolver. Eles entendem com o respeito e igualdade que os trato. Com exemplos de que não temos o direito de magoar os outros por conta do nosso egoísmo; de que lugar no lixo é na lixeira e que, quanto menos consumirmos, mais vida teremos.


É difícil porém, que isso aconteça no meio de tantos conteúdos. Talvez seja por isso que a maioria dos profissionais desista no meio do caminho. O que é difícil para alguns, outros encaram como desafiador.


Se nos desafiarmos todos os dias, nossos alunos também se sentirão desafiados a encarar a escola e a aprendizagem com outros olhos. Com olhos de sede, com olhos de desejo. Olhos que voltem a brilhar pela simples oportunidade de aprender. Que sejamos a escola que consiga ensinar aos nossos alunos que aprender pode ser bacana... e útil!




Ana Paula Landal - Estudante de Letras


A Escola da Ponte é uma escola diferente que tem por objetivo a aprendizagem do aluno e não o ensino transmitido pelo professor. É uma escola que valoriza a pesquisa, a aprendizagem , a vida . Trabalham por ciclos , onde o aluno não tem que atingir uma determinada nota ele necessita atingir a aprendizagem de determinados conhecimentos ( que engloba não só uma matéria , mas várias matérias e a própria vida) . Nessa escola é o próprio aluno que escolhe o assunto que ele quer pesquisar para o seu projeto, tudo para despertar o interesse do aluno, a vontade de pesquisar , de aprender, tudo nessa escola pode ser mudado, não é um currículo fixo, duro, o mais importante é o interesse do aluno, o tempo dele , a aprendizagem dele.
Um projeto ousado , mas que já existe há muitos anos e está formando pesquisadores , crianças que pensam e não só repetem o que é ensinado, crianças que correm atrás do que querem saber, que aprendem sobre a vida, responsabilidade, convivência , entre outros. Um exemplo de escola para nossa época, onde há tanta tecnologia, sendo assim o modo de trabalhar com os alunos também precisa mudar, o método antigo já não chama mais atenção dos alunos. Conforme a tecnologia vai surgindo , nós professores, devemos nos utilizar delas para incentivar a curiosidade , o conhecimento do aluno e utilizar a tecnologia de uma forma certa para atingir esses objetivos.

domingo, 22 de maio de 2011

Tarefa sobre tecnologia

Gonçalves, Mila. Redes de colaboração e aprendizagem. Portais Educacionais e redes sociais – Novos espaços para ensinar e aprender. Pag.18-22. In Salto para o Futuro. Ano XIX, Boletim 19-Nov.Dez.2009.Tecnologias Digitais na Educação. Disponível em: http://tvbrasil.org.br/fotos/salto/series/17432019-TecnologiasDigitaisEdu.pdf



O texto de Gonçalves (2009), afirma que a maioria da população já teve acesso ou pelo menos já ouviu falar da internet. Com este panorama percebe-se que os espaços virtuais fazem parte de nossa cultura e tornam-se uma prática possível dentro da escola. Os espaços virtuais fazem parte das inovações e da motivação dos jovens para os processos de ensino e aprendizagem. Os educadores devem estar atentos e utilizar estes espaços para além dos recursos disponíveis.


Os jovens de hoje, interagindo, produzindo e trocando informações demonstram novas habilidades, necessidades e competências que vão além dos conteúdos escolares. É aí que o educador “antenado” pode motivar os alunos para os temas que interessam e farão a diferença na formação integral do educando.


O letramento digital é uma necessidade da sociedade no mundo globalizado que vivemos. Tal letramento é muito importante para o professor que pode através dos espaços virtuais conteúdos com diversos outros educadores, partilhando assim informações e ampliando seu potencial de reflexão sobre sua prática e dos demais colegas a ele conectados.


As diferentes redes virtuais possibilitam desenvolver as habilidades de comunicação, pesquisa digital e refletir sua própria vivencia “virtual”. A partir destas possibilidades o educador com seus educandos poderão criar projetos colaborativos ou participar de redes de aprendizagem já disponíveis na rede. Desta forma, os recursos disponíveis devem ser conhecidos e utilizados a fim de usar a internet como aliada .

Professor na era Digital




A globalização, as novas mídias, a velocidade das mudanças sociais, políticas e econômicas e, consequentemente, a configuração da multiculturalidade estão presentes no cotidiano em diversas esferas. Este cenário requer atualização permanente das posturas nas áreas do conhecimento, uma delas é a educação. Professores e profissionais desta área necessitam rever suas práticas, objetivando dar conta de seus alunos criados na “Era da Tecnologia”.
O letramento digital exige práticas de leitura e escrita distintas das formas tradicionais de letramento e alfabetização. Para ser considerado um letrado digital é necessário reconhecer mudanças nas maneiras de utilizar os aspectos linguísticos – signos, códigos, linguagens verbal e não-verbal -, também, imagens e desenhos, tomando como pressuposto que as formas de leitura e escrita realizadas no suporte impresso são distintas ao compararmos aos textos digitais.
Os professores têm a tarefa de desenvolver estratégias pedagógicas que produzam efeitos satisfatórios nos espaços educacionais que vão além das aulas convencionais, a fim de enfrentar os desafios que estão postos por essas novas tecnologias, isto é, alcançando os objetivos de alfabetizar e letrar além dos aspectos textuais escritos.
Estes profissionais precisam refletir sobre o papel que a mídia exerce na sala de aula, criar espaço para o diálogo, fortalecer a competência crítica dos alunos. Enfim, o letramento digital se consolida pelo manuseio das novas tecnologias de informação e comunicação, com o propósito de fazer com que os alunos adquiram o domínio dos gêneros digitais, conhecendo suas funcionalidades e, principalmente, que consigam utilizá-los de forma crítica.
Mestrando em Linguística / PUCMinas


http://http://www.hojeemdia.com.br/cmlink/hoje-em-dia/colunas-artigos-e-blogs/blog-de-opini-o-1.10994/professor-na-era-digital-1.233055


Postado em 28 de Janeiro, 2011

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Formação para trabalhar com tecnologia: o grande desafio de quem ensina | Formação | Nova Escola


Sem uma equipe capacitada, o que se vê são professores que aproveitam a sala de informática para deixar os alunos trabalhando sozinhos e escolas que nem sequer utilizam os laboratórios existentes



Você se considera preparado para utilizar computadores na sala de aula? Para 72% dos entrevistados na pesquisa encomendada pela Fundação Victor Civita, a resposta é “não”. Além disso, apenas 15% afirmaram ter recebido formação para o uso de tecnologias aplicadas à Educação. Com um agravante: na maior parte dos casos, esses cursos são focados nas próprias ferramentas (saiba mais na tabela da página 2). Ou seja, falta conectar as novas tecnologias aos conteúdos. Regina Scarpa, coordenadora pedagógica de NOVA ESCOLA e da Fundação Victor Civita, destaca: “As capacitações em serviço deveriam focar os conteúdos de cada disciplina e incluir as tecnologias como ferramentas para facilitar o trabalho de sala de aula” (leia mais na entrevista da página 2). Rosane de Nevada, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), lembra que só ensinar a mexer na máquina não contribui para aperfeiçoar o jeito de ensinar. “Basta de usar o computador apenas para repetir o que foi dado em sala de aula”, diz ela, que coordena um curso de formação continuada em Porto Alegre (veja detalhes na próxima página).

Enquanto os professores ainda não têm essa formação, a participação do especialista em tecnologia educacional (em geral, o responsável pelo laboratório de informática) facilita a vida dos colegas e permite que mais estudantes tenham acesso aos computadores. Confira no quadro ao lado outras sugestões para melhorar a capacitação da equipe.

72% dos entrevistados acham que o curso de graduação os preparou pouco ou nada para o uso da tecnologia na escola

Escrever com a ajuda do computador













AULA COM SENTIDO Na EMEF Deputado Victor Issler, Luciene ensina produção
de texto no computador. Foto: Tamires Kopp

A Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) oferece, desde agosto de 2006, um curso de licenciatura em Pedagogia na modalidade a distância fundamentado no uso de tecnologias e destinado a professores que atuem no primeiro ciclo do Ensino Fundamental e na Educação Infantil. Batizado de Pead, o curso oferece aulas presenciais (em cinco pozlos) e muito material virtual para que todos se familiarizem com os recursos da internet (como wiki e blog) e alguns programas de troca de mensagens (como MSN, Skype e e-mail). As Secretarias Municipais de Educação de Alvorada, Gravataí, Sapiranga, São Leopoldo e Três Cachoeiras cedem espaço e equipamentos para as atividades presenciais – e disponibilizam ônibus para levar os professores aos laboratórios.

Quatrocentos professores cursam o Pead, que pode ser transformado num curso regular, oferecido pela universidade. “Nossos materiais digitais não têm a linearidade dos impressos e, por isso, provocam os alunos a interagir. Assim, mais rapidamente eles passam a aplicar com as crianças o que aprenderam”, explica Rosane de Nevado, coordenadora do curso.

Luciene Sobotyk, professora da EMEF Deputado Victor Issler, em Porto Alegre, é uma das alunas do curso. “Ele me encorajou a incorporar a tecnologia às atividades que desenvolvo em sala de aula”, diz. Um exemplo é o projeto que implantou na classe do 2º ciclo (uma turma de progressão que reúne crianças de 11 a 15 anos com dificuldades de aprendizagem). “Montei as tarefas junto com duas colegas, de outras escolas, para trabalhar os conteúdos de Língua Portuguesa, especialmente a produção de texto. Como a garotada tem animais de estimação, pedimos para eles trocarem informações sobre os mascotes, usando ferramentas tecnológicas”, conta. “Começamos com uma troca de e-mails.

Depois, decidimos registrar todas as etapas do trabalho em fotos e vídeos, que vão para o ar num blog, que acabamos de criar. E ainda estamos estudando formas de incluir o uso do Skype como uma das tarefas”, completa.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Entrevista com a Professora Lea Fagundes

Entrevista com Léa Fagundes sobre a inclusão digital

Pioneira no uso da informática educacional no Brasil, Léa Fagundes cobra políticas públicas para o setor e defende a ajuda mútua entre professores e alunos

Foto: Tamires Kopp
                                                                                                            
                                                                                      Marcelo Alencar mailto:novaescola@atleitor.com.br

A sala de informática do Laboratório de Estudos Cognitivos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) abriga, entre vários computadores de última geração, alguns equipamentos sucateados. Embora não sejam tão antigos, esses micros parecem pré-históricos perto dos demais. A comparação entre as máquinas ajuda a perceber a rapidez vertiginosa com que a tecnologia se renova.

Nesse ambiente hi-tech, instalado no Instituto de Psicologia da UFRGS, a professora Léa da Cruz Fagundes recebeu a reportagem de ESCOLA para esta entrevista sobre inclusão digital. Precursora do uso da informática em sala de aula no Brasil, a presidenta da Fundação Pensamento Digital, de Porto Alegre, tem alcançado resultados animadores com as experiências que desenvolve em comunidades carentes do estado. Elas mostram que crianças pobres, alunas de escolas públicas em que não se depositam muitas expectativas, têm o mesmo desempenho que as mais favorecidas quando integradas no ciberespaço.

Segundo a especialista, o caminho mais curto e eficaz para introduzir nossas escolas no mundo conectado passa pela curiosidade, pelo intercâmbio de idéias e pela cooperação mútua entre todos os agentes envolvidos no processo. Sem receitas preestabelecidas e os ranços da velha estrutura hierárquica que rege as relações entre professores e estudantes.

Léa defende a disseminação de softwares livres, sem custo e de fácil acesso pela internet. Consultora de programas federais que visam ampliar a inclusão digital nas escolas brasileiras, a professora pede mais seriedade à classe política: "Os projetos são iniciados e interrompidos periodicamente, pois as sucessivas administrações não se preocupam em dar suporte e continuidade a eles".

O que a senhora diria a um professor que nunca usou um computador e precisa incorporar essa ferramenta em sua rotina de trabalho?
Que não tenha medo de errar nem vergonha de dizer "não sei" quando estiver em frente a um micro. O computador não é um simples recurso pedagógico, mas um equipamento que pode se travestir em muitos outros e ajudar a construir mundos simbólicos. O professor só vai descobrir isso quando se deixar conduzir pela curiosidade, pelo prazer de inventar e de explorar as novidades, como fazem as crianças.

Como deve ser uma capacitação que ajude o professor a se adaptar a essas novas exigências?
É fundamental que a capacitação ofereça ao professor experiências de aprendizagem com as mesmas características das que ele terá de proporcionar aos alunos, futuros cidadãos da sociedade conectada. Isso pede que os responsáveis pela formação se apropriem de recursos tecnológicos e reformulem espaços, tempos e organizações curriculares. Nunca devem ser organizados cursos de introdução à microinformática, com apostilas e tutoriais. Esse modelo reforça concepções que precisam ser mudadas, como a de um curso com dados formalizados para consultar e memorizar. Em uma experiência desse tipo, o professor se vê como o profissional que transmite aos estudantes o que sabe. Se ele não entende de computação, como vai ensinar? Aprender é libertar-se das rotinas e cultivar o poder de pensar!

Que competências os educadores devem adquirir para utilizar com sucesso os recursos da informática?
Os professores em formação necessitam desenvolver competências de formular questões, equacionar problemas, lidar com a incerteza, testar hipóteses, planejar, desenvolver e documentar seus projetos de pesquisa. A prática e a reflexão sobre a própria prática são fundamentais para que os educadores possam dispor de amplas e variadas perspectivas pedagógicas em relação aos diferentes usos da informática na escola.

Onde o professor pode buscar informações sobre inclusão digital?
Ele pode visitar sites e participar de grupos de discussão. Consultar revistas especializadas e cadernos especiais dos jornais também ajuda muito. Outro caminho é buscar conhecimentos mais específicos com estudantes de escolas técnicas ou de cursos de graduação em informática e ouvir os próprios alunos.

É comum encontrar estudantes que têm mais familiaridade com a informática do que o professor. Como tirar proveito disso?
Transformando o jovem em um parceiro do adulto. Quando isso acontece, a relação educativa deixa de ser hierárquica e autoritária e passa a ser de reciprocidade e ajuda mútua. O educador não deve temer que o estudante o desrespeite. Ao contrário, o adolescente vai se sentir prestigiado por partilhar sua experiência e reconhecer a honestidade do professor que solicita sua ajuda. Esse fato é determinante para a criação de um mundo conectado.

A senhora coordena programas ligados à inclusão digital em escolas públicas. Que lições tirou dessa experiência?
Na década de 1980, descobri que o computador é um recurso "para pensar com", e que os alunos aprendem mais quando ensinam à máquina. Em escolas municipais de Novo Hamburgo, crianças programaram processadores de texto quando ainda não existiam os aplicativos do Windows, produziram textos de diferentes tipos, criaram protótipos em robótica e desenvolveram projetos gráficos. Hoje, encontro esses meninos em cursos de ciência da computação, mecatrônica, engenharia e outras áreas. Na Escola Parque, que atendia meninos de rua em Brasília, a informática refletiu na formação da garotada, melhorando sua auto-estima e evidenciando o desempenho de pessoas socialmente integradas. Alguns desses garotos foram contratados como professores e outros como técnicos.

Os alunos da rede pública têm o mesmo desempenho no uso da informática que os de escolas particulares e bem equipadas?
Sim. A tese de doutorado que defendi em 1986 me permitiu comprovar o funcionamento dos mecanismos cognitivos durante a construção de conhecimentos. Nos anos 1990 iniciei as experiências de conexão e confirmei uma das minhas hipóteses: as crianças pobres consideradas de pouca inteligência pelas escolas, quando se conectam e se comunicam no ciberespaço, apresentam as mesmas possibilidades de desenvolvimento que os alunos bem atendidos e saudáveis.

A educação brasileira pode vencer a exclusão digital?
Há excelentes condições para que isso aconteça. No Brasil já temos mais de 20 anos de estudos e experiências sobre a introdução de novas tecnologias digitais na escola pública. Esses dados estão disponíveis. O Ministério da Educação vem criando projetos nacionais com apoio da maioria dos estados, como o Programa Nacional de Informática Educativa (Proninfe) e o Programa Nacional de Informática na Educação (Proinfo). Muitas organizações sociais e comunitárias também colaboram nesse processo.

O que mais emperra o uso sistemático da informática nas escolas públicas?
A falta de continuidade dos programas existentes nas sucessivas administrações. Não se pode esperar que educadores e gestores tomem a iniciativa se o estado e a administração da educação não garantem a infra-estrutura nem sustentam técnica, financeira e politicamente o processo de inovação tecnológica.

Como o computador pode contribuir para a melhoria da educação? Inclusão digital não é só o amplo acesso à tecnologia, mas a apropriação dela na resolução de problemas. Veja a questão dos baixos índices de alfabetização e de letramento, por exemplo. Uma solução para melhorá-los seria levar os alunos a sentir o poder de se comunicar rapidamente em grandes distâncias, ter idéias, expressá-las como autores e publicar seus escritos no mundo virtual.

Nossas escolas estão preparadas para utilizar plenamente os recursos computacionais? A escola formal tem privilegiado essa concepção: é preciso preparar a pessoa para que ela aprenda. Mas o ser humano está sempre se desenvolvendo. Assim, as instituições também estão constantemente em processo. Por isso, a escola não precisa se preparar. Ela começa a praticar a inclusão digital quando incorpora em sua prática a idéia de que se educa aprendendo, quando usa os recursos tecnológicos experimentando, praticando a comunicação cooperativa, conectando-se. Mas algumas coisas ainda são necessárias. Conseguir alguns computadores é só o começo. Depois é preciso conectá-los à internet e desencadear um movimento interno de buscas e outro, externo, de trocas. Cabe ao professor, no entanto, acreditar que se aprende fazendo e sair da passividade da espera por cursos e por iniciativas da hierarquia administrativa.

Existe um padrão ideal de escola que usa a tecnologia em favor da aprendizagem? Não é conveniente buscar padrões. Como sugeria Einstein, quando se trata de construir conhecimento é mais produtivo infringir as regras. O primeiro passo é reestruturar o espaço e o tempo escolares. Devemos dar condições para que os estudantes de idades e vivências diferentes se agrupem livremente, em lugares próximos ou distantes, mas com interesses e desejos semelhantes. Eles vão escolher o que desejam estudar. Essa liberdade definirá suas responsabilidades pelas próprias escolhas. Os professores orientarão o planejamento de forma interdisciplinar. Isso tudo é possível com o registro em ambiente magnético, que é de fácil consulta. Toda a produção pode ser publicada na internet, intercambiada e avaliada simultaneamente por professores de diferentes áreas.

Qual é sua avaliação sobre a proliferação de centros de educação a distância?
Nestes tempos de transição vamos conviver com projetos honestos e desonestos, alguns bem orientados e outros totalmente equivocados. O pior dos males é a voracidade do mercado explorador da educação a distância. Espero que a própria mídia tecnológica dissemine informações para o público interessado ter condições de analisar esses centros. É importante discriminar os cursos consistentes dos que "vendem ensino", ou seja, que reproduzem o ensino da transmissão, fora de contexto, em que o aluno memoriza sem compreender.
Léa da Cruz Fagundes
Gaúcha, com 58 anos de magistério, a coordenadora do Laboratório de Estudos Cognitivos do Instituto de Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul dedica-se há mais de 20 anos à informática educacional. Psicóloga com mestrado e doutorado com ênfase em informática e conferencista internacional requisitada, Léa Fagundes preside atualmente a Fundação Pensamento Digital, organização não governamental que dissemina a computação entre populações carentes.

terça-feira, 15 de março de 2011

Discutindo sobre Aprendizagem e tecnologia

Vamos utilizar este blog para discutir sobre aprendizagem, metodologias inovadoras, tecnologias em rede e interação nos ambientes virtuais.